segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Por trás da beleza dos fogos de artifício

Fogos de artifício

Por séculos, as exibições pirotécnicas têm sido o ponto alto de celebrações realizadas em diferentes partes do mundo. A festa da passagem de ano na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, na noite desta terça-feira (31/12), deverá ser presenciada por 2,3 milhões de pessoas (ver matéria “Palcos do Réveillon de Copacabana recebem equipamentos; veja atrações“, publicada no portal G1, em 28/12). O grande clímax será o show de pirotecnia, envolvendo 24 toneladas de fogos de artifícios, distribuídos em 11 balsas por toda a orla, com uma duração estimada em 16 minutos. (A única coisa que poderia evitar isso, ao que parece, seria uma chuva forte.)
 
A festa adiciona 614 milhões de dólares (cerca de R$ 1,4 bilhão) à economia da cidade. Este ano, ironicamente, o tema será o filme de animação “Rio 2” (ver aqui), dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, cujos personagens centrais são um casal de ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii). Outras cidades do país também realizam shows de pirotecnia na passagem de ano, como é o caso de Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e São Paulo (ver o verbete “Ano-Novo“, na Wikipedia). Isso tudo, claro, sem falar de inúmeros brasileiros que gostam de soltar seus próprios rojões. É barulho pra todo lado.
 
Pirotecnia mortal
Uma exibição de pirotecnia é considerada uma perturbação antropogênica e seus impactos sobre a vida selvagem representam uma justificada preocupação em termos de biologia da conservação. Para as pessoas que presenciam ou assistem pela TV, a pirotecnia é comumente vista como um grande e belo espetáculo. Cabe registrar, no entanto, que o barulho alto e repentino e as luzes brilhantes produzidos pelos fogos de artifício são uma fonte de estresse para muitos animais, tanto domésticos como selvagens. Um exemplo familiar é comumente presenciado por quem tem um cão. Os animais ficam muito agitados com o barulho, tentando se esconder; muitos latem, uivam ou até mesmo urinam. Estudos têm comprovado o que os tutores desses aniamis já sabiam: fogos de artifício representam uma experiência traumática para os cães.
 
A repentina mortandade de milhares de pássaros-pretos-da-asa-vermelha (Agelaius phoeniceus; “red-winged blackbirds”, em inglês), na pequena cidade de Beebe, no estado de Arkansas (Estados Unidos), na véspera da passagem de ano, em 2010, atraiu a atenção da mídia (ver as matérias “For Arkansas blackbirds, the New Year never came“, de Campbell Robertson, publicada no The New York Times, em 3/1/2011; e “Fogo-de-artifício terá causado pânico e morte a milhares de aves no Arkansas“, de Helena Geraldes, publicada no Público, em 4/1/2011). Imagens de radar mostraram que, naquela noite, grupos numerosos de aves deixaram os seus poleiros no meio de uma noite chuvosa. Fogos de artifício assustaram e desorientaram as aves, muitas das quais morreram ao se chocar violentamente contra obstáculos. Sem essa repentina perturbação, elas provavelmente teriam permanecido em seus poleiros noturnos.
 
Na Holanda, usando um radar meteorológico, um estudo quantificou a reação das aves aos fogos de artifício durante a passagem do ano, em três anos consecutivos (ver aqui; para detalhes técnicos, ver SHAMOUN-BARANES et al. 2011). Milhares de aves saíram em dabandada pouco depois da meia-noite. Os bandos mais numerosos foram observados em áreas de pastagens e locais úmidos, incluindo áreas protegidas, onde milhares de aves aquáticas habitualmente descansam e se alimentam. Perturbações provocadas durante a época reprodutiva podem levar ao abandono de ninhos, deixando ovos e filhotes desprotegidos; isso eleva as taxas de mortalidade e contribui para uma redução nos efetivos populacionais.
 
Quem sabe, um dia...
Procurei aqui salientar o impacto dos fogos de artifício sobre as aves, mas outros animais, como baleias e peixes, também sofrem com esse mesmo tipo de perturbação. Isso para não falar nos impactos negativos sobre a saúde da população humana, incluindo poluição do ar, lesões físicas, auditivas, visuais e traumas.
Em alguns países, esses impactos já vêm sendo discutidos. Em função disso, pode-se pensar em locais mais apropriados para a realização dessas festas, assim como em uma redução na quantidade de fogos de artifício que são utilizados. Quem sabe, um dia, essa discussão chega até nós. E aí, então, poderemos nos dar conta da amplitude dos impactos negativos que as nossas “maravilhosas” festas de pirotecnia têm tido sobre a vida selvagem.
Feliz Ano Novo!
 
Referência citada
SHAMOUN-BARANES, J. & outros 5 coautores. 2011. Birds flee en mass from New Year’s Eve fireworks. Behavioral Ecology 22: 1173-7.
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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Resenha: Aves do campus da Unicamp e arredores

 Resenha: Aves do campus da Unicamp e arredores

O livro 'Aves do Campus da Unicamp e Arredores' de MilenaCorbo,  Arthur Macarrão, Giulia B. D'Angelo, Carlos HenriqueAlmeida,  Wesley Rodrigues Silva  e Ivan Sazima, publicado pela editora Avis Brasilis neste ano é um guia de campo para identificação das aves que ocorrem no Campus da Universidade Estadual de Campinas, em Campinas - São Paulo.
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sábado, 19 de outubro de 2013

Aves, vidros e colisões: O que pensam os arquitetos?


Edifício sede da Procuradoria Geral da República. Vidros reflexivos. 500 colisões de aves por ano.

Aves não veem vidros

Uma vez ou outra trombamos com um vidro. Vidro é  invisível para nós, mas conseguimos encontrar um mecanismo para percebê-lo e assim evitamos o choque. Mas as aves não são hábeis para isso, sendo assim elas não veem o vidro como uma barreira e os choque são frequentes. A American Bird Conservancy estima que  300 milhões para 1 bilhão de aves morrem a cada ano vitimas de colisões com prédios com vidros reflexivos ou transparentes e janelas de casas.
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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Aves nativas em bordados

Aves em bordados

A Associação Viçosense de Observadores de Aves está orientando a confecção de bordados de aves nativas da região, com o objetivo de gerar renda para o  pequeno produtor. E, também conscientizar a bordadeira e sua família da espécies de aves que ocorrem em Viçosa. Além daqueles que irão adquirir as peças. 
Panos de prato bordados

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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Lendo com a Estiva na Moenda das Letras e AVOA

Entrevista com Ângela Green, professora do projeto Lendo com a Estiva na Moenda das Letras de Novo Horizonte (SP)


Aves de Viçosa entrevistou a professora Ângela Green que participa ativamente do projeto Lendo com a Estiva na Moenda das Letras, em Novo Horizonte - SP. Ângela utiliza todos os meses com as crianças de Novo Horizonte um desenho para colorir de uma ave brasileira produzido pela Associação Viçosense de Observadores de Aves - AVOA. Aves de Viçosa foi conferir com está sendo está parceria e saber mais sobre o projeto Lendo com a Estiva na Moenda das Letras. 

Aves de Viçosa: Qual o objetivo do Projeto Lendo com a Estiva na Moenda das Letras, como ele funciona e como ele é mantido?
Ângela Green: O objetivo principal do Projeto Lendo com a Estiva na Moenda das Letras é desenvolver o hábito da leitura e com isso o desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças, filhos dos Funcionários da Usina de Açúcar e Álcool São José da Estiva e crianças da comunidade de Novo Horizonte, interior de São Paulo.Os objetivos secundários, mas não menos importantes, são o desenvolvimento do repertório, desenvolvimento do senso crítico, ampliação do conhecimento, aumento do vocabulário e estimular a criatividade das crianças.Lendo com a Estiva na moenda das letras é um projeto de leitura e escrita que funciona há mais de sete anos. Estamos com quase 300 encontros. Reunimos as crianças toda quarta-feira das 8h00 às 10h00 e depois das 15h00 às 17h00 para ler, escrever, desenhar e pintar. Eu procuro pesquisar e inscrever as crianças em outros projetos e concursos. O meu maior objetivo é despertar nas crianças o prazer de ler e com isso fazer com elas melhorem a leitura em sala de aula, perdendo a inibição natural e motivando as a ler sempre. Penso que a partir do momento em que a criança aprende a ler prazerosamente, sua leitura fluirá para sempre. Ela se tornará uma leitora voraz, e a leitura proporcionará um ótimo desenpenho profissional no futuro. 
Aves de Viçosa: Porque usar os desenhos para colorir de aves criados pela Associação Viçosense de Observadores de Aves (AVOA)? 
Ângela Green: Aves da AVOA é um projeto que veio incrementar o Projeto Lendo com a Estiva na Moenda das Letras. É uma atividade esperada todo mês pelas crianças.Ele já faz parte do conteúdo do projeto. Montamos um painel na sala da moenda onde todos podem apreciar o trabalho das crianças. 
Aves de Viçosa: O quê as crianças estão achando dos desenhos? 
Ângela Green: As crianças acham os desenhos das aves muito interessantes, pois ao pintar elas se divertem e aprendem mais sobre a natureza das aves. 
Aves de Viçosa: O quê os desenhos estão trazendo de novo para você e para as crianças?
Ângela Green: A novidade é a própria ave. Acredito que essa é uma ótima oportunidade que elas têm para conhecer algumas aves brasileiras.
Aves de Viçosa: As crianças conhecem as aves de Novo Horizonte?
Ângela Green: Acredito que depois que começamos a colorir as aves de Viçosa o olhar das crianças foram despertados para observar as aves novorizontinas. Todo encontro elas tem um fato novo para nos contar que envolve alguma ave.
Aves de Viçosa: Os desenhos têm gerado discussões sobre os problemas para a conservação das aves e outras questões ambientais?
Ângela Green: Sim, toda vez que pintamos uma ave, fazemos uma dinâmica com as crianças. Elas colocam na discussão o que pensam e o que sentem sobre a ave em questão.
Aves de Viçosa: Este projeto de simplesmente colorir aves locais pode ajudar a criar uma consciência conservacionista nas crianças?
Ângela Green: Sim, com certeza! A criança é um ser bom e puro. É como um solo fértil onde colocamos boas sementes e que poderão germinar sentimentos e atitudes saudáveis. Percebo que elas realmente vêm se preocupando seriamente com o destino do planeta Terra e seus habitantes.
Aves de Viçosa: Algum comentário final?
Ângela Green: Quero agradecer e parabenizar os responsáveis pelo projeto AVOA. É um trabalho muito bonito e interessante, raramente encontramos alguém que se dispõe a fazer um movimento em prol da cultura, pois a maioria só pensa naquilo que visa lucros. Estamos honrados em participarmos desse projeto. Esperamos continuar com essa parceria por muitos anos. Segue um poeminha feito pela Ariane, participante do Lendo com a Estiva na moenda das letras





Aluno do projeto.
Aluno do projeto colorindo o tangará. Foto: Ângela Green
Painel do Projeto.
Painel do projeto com os desenhos da AVOA








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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Desenhos de aves para colorir

  8 desenhos de aves brasileiras para colorir

A Associação Viçosense de Observadores de Aves produz todos os meses um desenho de uma ave que ocorre em Viçosa (Minas Gerais) para as crianças colorirem. Até agora foram criados 8 desenhos:
        1. Trinca-ferro
        2. Papagaio-de-peito-roxo
        3. Pica-pau-rei
        4. Pintassilgo
        5. Tangará
        6. Sabiá-laranjeira 
        7. Chopim-do-brejo 
        8. Tiê-sangue
Nós disponibilizamos aqui os arquivos em pdf para você baixar e usar, lembrando que a distribuição dos arquivos é gratuita e portanto os desenhos não devem ser comercializados. Os desenhos podem ser usados em escolas ou mesmo em casa. Acompanhe as publicações da AVOA pelo facebook/avoa.minas. 

 














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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Arapaçu-de-cerrado

arapaçu-de-cerrado (Lepidocolaptes angustirostris). Foto: M. Eiterer
Nomes Populares: arapaçu-de-cerrado        
Nome científico: Lepidocolaptes angustirostris

Nome em inglês:  Narrow-billed Woodcreeper

Ouça o canto do arapaçu-de-cerrado
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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Palestras contra a corrupção em Viçosa


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terça-feira, 4 de junho de 2013

Associação Viçosense de Observadores de Aves


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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Aves de Viçosa para colorir nº3


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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Benedito-de-testa-amarela: Extinto em Viçosa


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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Dia mundial das aves migratórias. Participe!



O que é o dia mundial das aves migratórias?

iniciado em 2006,  o  Dia Mundial das Aves migratórias (WMBD) é uma campanha de conscientização anual, que quer inspirar a conservação em todo o mundo das aves migratórias e seus ecossistemas. A campanha tem como parceiros a United Nations Environment Programme (UNEP), Convention on the Conservation of Migratory Species of Wild Animals (CMS), African-Eurasian Migratory Waterbird Agreement (AEWA), BirdLife International,  Wetlands International, East Asian - Australasian Flyway Partnership (EAAFP), CIC (International Council for Game and Wildlife Conservation). Com apoio do German Federal Ministry for the Environment, Nature Conservation and Nuclear Safety (BMU) . O Dia Mundial das Aves Migratórias também tem o apoio de um número crescente de sócios. Participe do Dia Mundial das Aves Migratórias (WMBD) nos dias 11-12 de maio de 2013. De que maneira pode participar? Atividades de observação de Aves, programas educativos, conferências, exposições, concursos e outros eventos públicos, sua contribuição contribuirá para esta celebração global. Para saber mais sobre o Dia Mundial das Aves Migratórias, registre seu evento e solicite pôster gratuito visite a página da WMBD (www. worldmigratorybirdday.org) e compartilhe suas atividades com uma comunidade crescente apoiando a WMBD! Queremos celebrar o Dia Mundial das Aves Migratórias 2013 com você? Participe!
http://www.worldmigratorybirdday.org

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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Bico-de-veludo


Schistochlamys ruficapillus. Foto:M.Eiterer
Nomes Populares: bico-de-veludo         
Nome científico: Schistochlamys ruficapillus
Nome em inglês: Cinnamon Tanager
Fotografada em: 16/08/2011

Ouça o canto do bico-de-veludo

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sexta-feira, 12 de abril de 2013

saíra-douradinha

Tangara cyanoventris. Foto: M. Eiterer 
Nome popular: saíra-douradinha
Nome cientifíco:
Tangara cyanoventris 

Nome em inglês:Gilt-edged Tanager
Fotografada em: 11/12/2011
Ouça o canto da saíra-douradinha

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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Aves para Crianças: Amor, interrompido


Rosinha e Roxinho são parceiros há muuuito tempo. Eles são papagaios-de-peito-roxo. Rosinha e roxinho são muito unidos. Voam pelo céu grudadinhos, cantando krão-krão, krão-krão. Na hora de buscar sua comida predileta, coquinhos e frutas, também estão juntos. Durante a noite dormem coladinhos num galho de uma árvore bem alta. Não desgrudam um só minuto. Quando têm filhotes os dois são pura dedicação e cuidado. Já tiveram várias ninhadas.

Numa certa vez, eles fizeram um ninho no oco de uma árvore bem alta. Lá Rosinha colocou dois ovos branquinhos. Rosinha chocou os ovos com muito cuidado. Roxinho trazia todos os dias comida para Rosinha, que não desgrudava dos ovos. Depois de 25 dias chocando os filhotes nasceram. Mas, ainda seriam 70 dias de cuidados, até os dois filhotes estarem prontos para voar. Nesses primeiros dias os filhotes não conseguem ficar de pé, ficam deitados quase todo o tempo e Rosinha e Roxinho passam o dia alimentando os dois. Haja comida para alimentar esses dois famintos!

O tempo foi passando e os filhotes foram crescendo. Um dia Roxinho e Rosinha cuidavam dos dois, quando de repente ouviram um barulho: vrummm, vrummm... e a árvore toda tremeu. Eram homens cortando a sua árvore, com uma máquina enorme e barulhenta. Roxinho e Rosinha começaram a voar no entorno da árvore, apavorados e a gritar. O que aqueles homens iam fazer? Rosinha e Roxinho gritavam pedindo que eles parassem de cortar, mas os homens não entendiam a língua deles. E continuaram cortando. Quando Roxinho viu que a árvore ia cair gritou para Rosinha: - Foge, foge, foge Rosinha. Rosinha, então voou o mais rápido que pôde para bem longe. Cansada Rosinha posou num galho e esperou por Roxinho. Mas, Roxinho não voltou. Então, ela resolveu voltar ao local do ninho. Quando chegou lá... A árvore estava caída no chão, o ninho vazio e nada de Roxinho e dos filhotes. Ela ficou lá parada, triste, pensando no que acontecerá. Ela perderá para sempre seu amado Roxinho e seus filhotes. Ficou lá assim por dias. Até que um dia voou. Hoje mesmo vi Rosinha passando voando bem alto no céu, cantando sozinha: krão-krão. Ela procura Roxinho e os filhotes ou por outros iguais a ela. Mas, não há mais nehum papagaio-de-peito-roxo voando no céu, além dela. 
M. Eiterer

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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Saíra-viúva

Pipraeidea melanonota. Foto:M. Eiterer
Nome popular: saíra-viúva                                                         
Nome cientifíco: Pipraeidea melanonota     
Nome em Inglês: Fawn-breasted Tanager                                                                                Fotografada em: 11/08/2010
Ouça o canto da saíra-viúva


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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Cadê o louro?

Amazona vinacea. Foto: Wikipedia
Em Viçosa temos 5 espécies de psitacídeos. Psittacidae é a família ornitológica que inclui os papagaios, araras, maracanãs e afins. E o nosso papagaio, o nosso louro é o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea).  Como o nome já diz, seu peito é  arroxeado. A testa, a região entre o bico e os olhos, íris e a base do bico são vermelhos.  O papagaio-de-peito-roxo é uma espécie monogâmica, permanecendo com um único parceiro até a morte. Alimenta-se de coquinhos e frutas. Não é considerado um bom dispersor de sementes e sim um predador.

A resposta a pergunta do título: 'Cadê o louro', não é nada fácil. Uma pesquisa em 2000 estimou a população de papagaio-de-peito-roxo em Viçosa em meros seis (6) indivíduos. Isso mesmo! Só 6 indivíduos. As cores e a capacidade de imitar a voz humana desperta o interesse de pessoas pelos papagaios, que querem tê-los como animais de estimação. Por causa disso, essas aves são perseguidas pelos traficantes de animais. Sem dúvida, essa perseguição colocou esse grupo de aves no topo da lista  da ‘Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção’ como maior número de espécies listadas.  Além da caça para a comercialização, eles sofrem com a contínua destruição do hábitat. O papagaio-de-peito-roxo precisa de árvores altas e com um buraco oco para nidificar. Árvores com essas características são cada vez mais raras. Além de tudo, quando esses animais são caçados para a venda, as árvores que possuem ninhos costumam ser derrubadas. Se, os poucos que restam não conseguem reproduzir a população vai ficando cada vez menor. Para agravar ainda mais a situação, como já vimos, o papagaio de peito-roxo  é uma espécie monogâmica.

Mas por que o papagaio-de-peito-roxo é caçado e traficado?  Porque há quem os capture. E, há quem os compre.  Papagaios não são animais de estimação. Eles devem permanecer livres. Deixem o louro na floresta. Lá é o lugar dele.

Fontes 
 MORAES, Larissa Lacerda.Bicho da vez: papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea). Museu de Zoologia João Moojen. Universidade Federal de Viçosa. Disponível em: <http://www.museudezoologia.ufv.br/bichodavez/edicao24.htm>. Acesso em: 3/04/2013.
RIBON, Romulo; SIMON, José Eduardo; MATTOS, Geraldo Theodoro de. 2003. Bird extinctions in Atlantic forest fragments of the Viçosa region, Southeastern Brazil. Conservation Biology 17:1827-1839.
 A autora
Marinês Eiterer Marinês Eiterer tem uma profissão muito legal, é bióloga. Ela adora observar aves. E, incentiva todo mundo a observar também. Gosta de escrever sobre aves e plantas, principalmente para crianças.
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sexta-feira, 29 de março de 2013

Choca-de-chapéu-vermelho


Thamnophilus ruficapillus
Nomes Populares: choca-de-chapéu-vermelho               
Nome científico: Thamnophilus ruficapillus                        
 Nome em inglês: Rufous-capped Antshrike  
Fotografada em: 2013
Ouça o canto da choca-de-chapéu-vermelho

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quinta-feira, 28 de março de 2013

Arapaçu-de-cerrado

arapaçu-de-cerrado (Lepidocolaptes angustirostris). Foto: M. Eiterer

Nomes Populares: arapaçu-de-cerrado        
Nome científico: Lepidocolaptes angustirostris

Nome em inglês:  Narrow-billed Woodcreeper

Ouça o canto do arapaçu-de-cerrado

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sexta-feira, 22 de março de 2013

Vocês querem bacalhau? Têm certeza?

Desculpe  leitor,  mas hoje não escrevo sobre aves. Com a  semana santa chegando não posso deixar de pensar no bacalhau e a história de sua exploração pelo homem.  Dedico essas linhas para esse peixe que fora tão abudante e hoje está a beira de um colapso.

Gadus morhua. Foto: Hans-Petter Fjeld, Wikipedia.
 'Seria o pescado exaurível, e se assim  fosse, alguma coisa  podería ser feita para evitar sua exaustão? (…) Acredito.. que a pesca do bacalhau, do arenque, da sardinha, da cavala e provavelmente de todos os grandes pescados marinhos são inexauríveis; isso é, que nada que façamos afetaria seriamente o número de peixes.'
(Thomas Huxley, 1883)
Há pelo mesnos 2 peixes conhecidos pelo nome de bacalhau. O mais nobre deles ( e também o mais caro) é o bacalhau do porto, também conhecido como bacalhau do atlântico ou “atlantic cod”. Seu nome científico é Gadus morhua. O outro é o bacalhau do Pacífico ou gadus do pacífico (Gadus macrocephalus). O bacalhau saithe (Pollachius virens), o ling (Molva molva) e o zarbo (Brosmius brosme) são peixes salgados tipo bacalhau, não propriamente bacalhau. Vamos conhecer a história do Gadus morhua, o bacalhau do porto.

 Distribuição de Gadus morhua. Mapa: Wikipedia
O Gadus morhua  é um peixe que vive nas águas frias do  Atlântico Norte.  Sua distribuição estende-se  do Golfo da Biscaia,  ao Mar Báltico, Mar de Barents, ao redor da Islândia, ao longo do sul da Groenlândia, Terra Nova (Canadá) até Carolina do Norte (E.U.A). O bacalhau prefere temperaturas de 2-8°C, mas podem ser encontrados em temperaturas de até 20°C. A profundidade varia de 1-600 m. São peixes dermensais, isto é, vivem sobre ou perto do fundo do mar. O bacalhau adulto é carnívoro e se alimenta de uma grande variedade de peixes e invertebrados.

O período de reprodução depende da área geográfica. A temperatura da água é um fator importante na reprodução, ovos e alevinos são muito sensíveis ao frio e podem morrer. Uma fêmea de bacalhau pode colocar 500 mil ovos por kg de seu peso. Uma fêmea com 3 anos e pesando 500 g pode colocar 250 mil ovos, com oito anos e pesando 5 kg  2,5 milhões de ovos, o recorde foi de 9 milhões de ovos produzido por uma fêmea com 34 kg. Os ovos são lançados na água para serem fecundados. Os ovos e alevinos não recebem cuidados dos pais. Os ovos são transparentes e medem cerca de 1,5 mm de diâmetro. Eles flutuam na água por 10-20 dias. Depois que os ovos eclodem os alevinos alimentam-se do saco vitelínico por 1-2 semanas. A fase de alevino dura  3 meses  e são pelágicos, isto é, vivem na superfície. Um local perigoso para jovens peixes. A maioria irá morrer nos 3 primeiros meses. De cada 1 milhão de ovos um chegará a vida adulta.  O bacalhau pode viver até 25 anos e pesar 90 kg. Com 6 ou 7 anos uma fêmea estará pronta para a primeira desova.
 
Comemos bacalhau desde a idade da Pedra (3.000 a.C.). Contudo, o bacalhau só veio a se torna importante na economia na era Viking (800 d.C.), nesse período  os noruegueses já secavam  o peixe para suas longas viagens e os  reis noruegueses cobravam impostos pelo comércio do bacalhau.  Quando o navegador italiano Giovanni Caboto ( 1450-1499) chegou à costa da América do Norte, em 1497,   ficou maravilhado com a quantidade de bacalhau. Os estoques de bacalhau de Terra Nova foram pescados por franceses, ingleses, portugueses e espanhóis. Por causa da sua fartura o bacalhau foi um peixe barato.  Até o início dos anos 60 os desembarques de bacalhau em todo o Atlântico ocilaram entre 2,5-3 milhões de toneladas, com um pico em 69 de 4 milhões, entretanto em 75 foram 1,8 milhões, em 1992  0,8 milhões e em 2000 a pesca do bacalhau estava abaixo de 0,8 milhões de toneladas.

Foi no Canadá que surgiram os primeiros sinais do esgotamento dos estoques do bacalhau. Até 1960  foram pescados cerca de 300 mil toneladas de bacalhau. A pesca tornou-se mais sofisticada com uso de sonares e arrastões. Em 1968 foram pescados 800 mil toneladas de bacalhau nessa região. Depois disso houve um declínio. Em 1991 só foi alcançada 70% da cota fixada em 185 mil toneladas. No ano seguinte, as zonas de pesca do bacalhau foram fechadas, milhares de trabalhadores ligados a pesca do bacalhau ficaram sem trabalho.  Em 1994, os estoque reduziram ainda mais. Em 2006 a pesca do bacalhau foi reaberta e limitada a 2.700 toneladas. Mas, o problema se estende além da costa canadense, os estoques de bacalhau (Gadus morhua) estão a beira do colapso. O Bacalhau aparece como espécie “vulnerável” na  lista vermelha  da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). Os únicos estoques com uma saúde relativa são os da Islândia e do Mar de Barents. As populações de bacalhau (Gadus morhua) não se recuperaram e talvez nunca mais venha a se recuperar. Como isso teria acontecido?
'[…] Os países  que exploram as zonas de pesca nas latitudes norte são nações ricas, industrializadas, com séculos de experiência em pesca e com excelentes cientistas dedicados ao estudo dos recursos pesqueiros. Além disso, a perda de recursos pesqueiros não é um evento recente na economia ao redor do Atlântico e do Pacifíco norte. Temos 200 anos de experiência em empurrar os estoques de peixes até a beira (ou além) da extinção.' (Stuart Pimm, 2005)
O que podemos fazer?  Eu prefiro não comer peixe. Mas, o leitor pode pressionar as peixarias e supermercados para a implementação de políticas de compra e venda de pescado sustentável. Solicite aos supermecados informações sobre os estoques e métodos de pesca dos peixes que estão vendendo.  Não devemos incentivar a pesca de peixes de estoques ameaçados ou com técnicas destrutivas. Na hora de escolher o seu peixe da semana santa pense:  Vocês querem mesmo comer  bacalhau?  
M. Eiterer

Veja mais imagens do bacalhau
Ouça o som do bacalhau





Fontes:
Atlantic cod  (Wikipédia)
Codtrace - Cod biology
Canadin Atlantic Fisheries Collapse (Greenpeace)
CUDMORE, Wynn W. The Decline of Atlantic Cod – A Case Study. 2009
Fishbase
IUCN Red List
Marinebio
PIMM, Stuart. 2005. Terras da Terra: o que sabemos sobre o nosso planeta. Planta: Londrina.
Será que ainda podemos comer bacalhau? (Greenpeace)
Sob ameaça bacalhaus amadurecem mais cedo (Jornal da Ciência)
The history of the northern cod fishery
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sábado, 16 de março de 2013

Para crianças: A fuga do trinca-ferro

Por M. Eiterer
Ele bate as asas com toda a força que pode: vupt, vupt, vupt, vupt... O coração acelerado parecia querer sair do peito: tum-tum, tum-tum, tum-tum... Quando ele acha que já está bem longe do perigo, pousa no galho de uma árvore. Está esbaforido. Os olhos arregalados. Ele nem consegue pensar direito. Que perigo tinha passado! Mas, ainda estava livre.. Mas, e os outros..., pensava o trinca-ferro, quando de repente ouve uma voz:
- Nossa! O que foi que aconteceu com você? -perguntou uma jovem avezinha pousada em outro galho, da mesma árvore. Parece que viu um gavião? O trinca-ferro leva um susto, mas ao perceber que não há perigo, responde:
- Eu vi coisa pior que um gavião - respondeu o trinca-ferro, ainda ofegante.
- Foi? O quê? - perguntou a avezinha, já amedrontada.
- Era uma rede enorme, no meio da floresta. Não dava para ver a rede e várias aves ficaram presas nela. Foi um horror. Nós nos debatíamos, tentando fugir. Mas, não adiantava. Só conseguíamos ficar ainda mais presos . Achei que era meu fim.

FIM

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segunda-feira, 11 de março de 2013

Podemos salvar o trinca-ferro da extinção local?


Material educativo sobre o trinca-ferro
O comércio ilegal de animais é considerado a terceira maior atividade ilegal no mundo, atrás apenas do tráfico de armas e de drogas. É, também, a segunda maior ameaça de extinção, perdendo apenas para a perda de habitat, provocado pelo desmatamento. Estima-se que entre 38 milhões de espécimes sejam retiradas anualmente da natureza e que o comércio ilegal de animais movimente por volta de US$ 2,5 bilhões/ano. As aves são muito cobiçadas pelo comércio ilegal de animais, por sua beleza e canto. Considera-se que sejam comercializadas ilegalmente entre 4 bilhões de aves por ano. 

O trinca-ferro (Saltator similis) é cobiçado e traficado por causa de seu belo canto. A classificação quando ao estado de conservação do trinca-ferro (Saltator similis) no Brasil é pouco preocupante. Contudo, quando essa classificação é feita por regiões a situação é diferente.  Em Viçosa o estado de conservação do trinca-ferro (Saltator similis) é vulnerável. O comércio ilegal de aves está reduzindo drasticamente as populações de trinca-ferro. Outras aves já foram extintas em Viçosa por causa do comércio ilegal como o azulão (Cyanoloxia brissonii) e o curió (Sporophila angolensis). Nós não queremos que o mesmo aconteça com o trinca-ferro (Saltator similis). 

Podemos salvar o trinca-ferro de uma extinção local? Somente através da fiscalização e de denúncias, como também, da educação poderemos reverter esse quadro e impedir a extinção local do trinca-ferro (Saltator similis), em Viçosa. Para fazer denúncias ligue para a Polícia de Meio Ambiente, em Viçosa  o telefone é: 3899-2668. Mas, lembre-se o trinca-ferro pode ser criado em cativeiro, através de licença junto ao órgão responsável. Portanto, existem aves que são criadas em gaiolas legalmente.

Por fim, através da divulgação do problema, talvez,  sensibilizemos aquelas pessoas que insistem em manter aves nativas ilegalmente engaioladas.  E, da educação podemos fazer com que nossas crianças conheçam as espécies nativas e os problemas para sua conservação. Assim, esperamos que  elas cresçam com uma consciência conservacionista e atuem de forma mais eficaz em defesa de nossa fauna e flora, em um futuro próximo. Não sei se vamos mudar o fim dessa história que tem tudo para ser trágica, mas estamos tentando escrever um final feliz.


Desenho de Murilo Cunha, 9 anos, de Juiz de fora - MG.

Obs: Nós disponibilizamos uma atividade para colorir sobre o trinca-ferro, acompanha um guia para pais e professores. Você pode solicitar esse arquivo através do email: avesdevicosa@hotmail.com.


FONTES
DESTRO, Guilherme Fernando Gomes; PIMENTEL, Tatiana Lucena; SABAINI, Raquel Monti; BORGES, Roberto Cabral; BARRETO, Raquel.. 2012. Efforts to Combat Wild Animals Trafficking in Brazil. Disponível em: http://cdn.intechopen.com/pdfs/38670/InTech-Efforts_to_combat_wild_animals_trafficking_in_brazil.pdf. Acesso em: 6/03/2013.

RIBEIRO, Leonardo Barros &  SILVA, Melissa Gogliath. 2007. O comércio ilegal põe em risco a diversidade das aves no Brasil. Ciência e Cultura. 59: 4-5. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v59n4/a02v59n4.pdf. Acesso em: 6/03/2013.

RIBON, Romulo; SIMON, José Eduardo; MATTOS, Geraldo Theodoro de. 2003. Bird extinctions in Atlantic forest fragments of the Viçosa region, Southeastern Brazil. Conservation Biology 17:1827-1839.
  A autora
Marinês Eiterer Marinês Eiterer tem uma profissão muito legal, é bióloga. Ela adora observar aves. E, incentiva todo mundo a observar também. Gosta de escrever sobre aves, principalmente para crianças.

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