domingo, 4 de dezembro de 2011

Pardalzinho


Pardalzinho

Manuel Bandeira


O pardalzinho nasceu
Livre. Quebraram-lhe a asa.
Sacha lhe deu uma casa,
Água, comida e carinhos.
Foram cuidados em vão:
A casa era uma prisão,
O pardalzinho morreu.
O corpo Sacha enterrou
No jardim; a alma, essa voou
Para o céu dos passarinhos!
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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Para crianças: O tico-tico e o guia de campo

  Uma professora leva seus alunos para uma aula de ciências no jardim da escola:
– Olha professora! – exclama Júlio, chamando a atenção de todos.
– O quê? – pergunta a professora, tentando entender o motivo do alvoroço.
– Um passarinho de topete listrado! E  um colar marrom envolto no pescoço. Que engraçado! Qual o nome dele? O que ele come, professora? – pergunta Júlio cheio de curiosidade.
Tico-tico (Zonotrichia capensis)
A professora sabe as respostas, mas quer que seus alunos aprendam como chegar até elas sozinhos. Assim sendo, ela responde:
– Hum...Não sei! Mas vamos descobrir!
– Como professora? – pergunta Ana, pensando que a professora devia estar maluca (achar o nome de um passarinho!Eles. Impossível!). 
– Vamos até a biblioteca – diz a professora.

Os alunos acompanham a professora até a biblioteca. Lá ela distribui vários livros para os alunos:
– Que livros são estes professora? Nossa quanto passarinho tem nestes livros! – diz André, atordoado com tantas figuras de aves.
– Primeiro não são passarinhos, são aves – diz a professora, muito séria – Os passarinhos estão só numa parte do livro e compreende a ordem dos passeriformes, ou os que tem forma de pássaros. Estes livros são chamados de guia de campo. Eles podem ser usados por qualquer pessoa, para identificar uma espécie, no caso, de ave. Existem guias de plantas, mamíferos, anfíbios...Este é um guia de aves do Brasil, tem todas as espécies de aves que ocorrem no nosso país. Existem também os guias regionais – explica a professora.
Guias de campo
– Mas professora, são muitas aves! Como descobrir qual é o nosso? – pergunta Lucas, atônito com tantas figuras de aves para ver.
– No início do guia encontramos uma explicação de sua organização. O guia que estamos usando está organizado em grupos. Vamos dar uma olhada em cada grupo para descobrir em qual deles a nossa ave pertence.
A professora aguarda os alunos:
– Ele parece com os dois últimos grupos que estão no final do livro, professora! - diz Juliana.
– É isso mesmo Juliana! - exclama a professora, feliz com a resposta.
– Agora vamos olhar com calma as ilustrações da aves dos dois últimos grupos e ver se encontramos o que estamos procurando - orienta a professora.
Alguns minutos depois…
– Encontrei! – exclama Bianca, levantando o braço toda eufórica. – É um tico-tico. O nome cientifico dele é Zono...tri...chia ca...pensis. Que nome difícil!!!
– Isso mesmo Bianca! Agora que sabemos qual é a espécie podemos saber mais um pouco sobre ele. Os guias de campo já nos fornecem algumas informações. Por exemplo, aqui já ficamos sabendo que esta espécie ocorre em quase todo o território brasileiro. Agora vamos ver em outro livro. Um livro de ornitologia. Ornitologia quer dizer o estudo das aves. Aqui nós vamos procurar pelo nome científico da espécie: Zonotrichia capensis.
A professora aguarda ansiosa a pesquisa dos alunos. Alguns minutos depois a professora pergunta:
– Todos encontraram?
– Sim!! - os alunos respondem  em coro. 
– Então vamos ler o que o livro fala sobre o tico-tico – diz a professora.

– O tico-tico  come sementes. Ele esmaga ou corta a semente com seu bico que é cônico, curto e forte – diz Angélica, toda séria.
– Muito bem Angélica! Mas, porque ele esmaga ou corta as sementes ele não é considerado um bom dispersor de sementes, como são os sabiás. As vezes podem comer insetos – completa a professora.
– O livro também diz que ele tem um canto bonito  e para algumas pessoas seu canto quer dizer: ‘Maria acorda! É dia!É dia! – fala Júlio, achando graça do que acabará de dizer. 
– Aqui também diz que os tico-ticos vivem em casais. E que o tico-tico defende furiosamente o lugar onde vive. Jovens tico-ticos estabelecem sua área com cinco até onze meses de vida, diz André.
– Olha só! O tico-tico constrói seu ninho parecido com uma tigela a poucos metros do chão, em arbustos ou sobre a vegetação quase rasteira. Os ovos são esverdeados salpicados de vermelho. E, ele gosta de viver em áreas rurais ,como a nossa, do que nas cidades. Veja só! – diz Lucas.
– Existem muitos outros tico-ticos diferentes, como podemos ver no nosso livro. Temos  o tico-tico-do-mato-de-bico-amarelo, tico-tico-cantor, tico-tico-do-tepui, tico-tico-do-matão-de-bico-preto, tico-tico-rei, tico-tico-do-banhado, tico-tico-rei-cinza – completa a professora - Agora com todas essas informações podemos fazer uma consulta na internet. Vamos para a sala de informática.
Todos os alunos e a professorem seguem para a sala de informática que fica bem ao lado da sala de aula.  Todos sentados diante de seus monitores, a aula recomeça:
– Muito bem… Vamos escrever no nosso buscador o nome da espécie: Zonotrichia capensis. Pronto. Agora achamos várias páginas que falam sobre a espécie e muitas fotos. Você reparem que as informações são muito parecidas com que encontramos nos livros e alguns textos dão como referência os livros que nós acabamos de ler.  
– Nós podemos fazer isso com outras aves que vemos na escola, professora? – pergunta Júlio.
– Claro! Nós podemos até criar nosso próprio guia de campo para que os outros alunos possam consultá-lo no futuro.
– E como podemos fazer isso, professora? – pergunta André.
– Bem…na próxima aula eu explico, pois a aula já vai terminar – diz a professora, olhando para o relógio.
O sino toca. As crianças correm em disparada. Hora de voltar para casa.

M. Eiterer

 
Nota da autora: Nas escolas em que trabalhei o que mais sentia falta era de uma boa biblioteca. Nunca encontrei em uma biblioteca de escola guias de campo. Mas já presenciei crianças manuseando guias. Elas adoram. Não entendo por que as bibliotecas de escolas não são equipadas com guias de campo. Como as crianças podem conhecer suas aves locais? Para escrever sobre o tico-tico eu precisei ler. O livro que eu li está em "Fontes".
Fontes:

SICK, Helmut. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.


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domingo, 30 de outubro de 2011

Quantas espécies de aves você consegue ver em 1 ano?


O " Big Year " é uma competicão informal entre observadores de aves, nos EUA, para ver quem pode ver ou ouvir o maior número de espécies de aves no período de um ano e em uma área geográfica específica.

"Big Year" de 1998 foi tema do livro de Mark Obsmascik, lançado em 2004. No "Big Year" de 1998, três amigos observadores de aves Sandy Komito, Al Levantin e Greg Miller tentaram quebrar o record  anterior de Komito de 721 espécies de aves observadas. No final Sandy Komito registrou 745 espécies de aves. Um record que os especialistas acham que será difícil de ser quebrado.

O livro foi adaptado pela 20th Centrury Fox, em 2011 para o cinema com o mesmo nome do livro " The big Year",  com Steven Martin, Jack Black e Owen Wilson. Nos EUA foi lançado agora em outubro. Infelizmente, não foi um sucesso de critica e de público. No Brasil será lançado em março de 2012. Estamos aguardando!

M. Eiterer

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sábado, 22 de outubro de 2011

Rede de neblina e anilhamento

Acompanhamos a aula do professor Romulo Ribon, da Universidade Federal de Viçosa, nos dias  17 e 19 de setembro, sobre montagem e uso da rede de neblina e, anilhamento de aves. Agradecemos ao professor Rômulo a oportunidade. Lembramos que anilhas e rede de neblina só podem ser utlizados por pessoal autorizado.




Montagem da rede de neblina
Patinho (Platyrinchus mystaceus) capturado na rede.
   Patinho (Conophaga lineata)



















Patinho anilhado.

Chupa-dente








Alunas retiram ave da rede. Muita paciência.









Patinho sendo observado

Alunos do curso. Professor Ribon em pé à direita.
Alunos do curso e professor Ribom.
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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Torres de comunicação: um perigo mortal para aves

 Torres de Comunicação:um perigo mortal para aves


Relatório produzido pela American Bird Conservancy documenta a morte de  230 espécies de aves em colisões com torres de comunicação nos EUA. Existem 70.000 torres de comunicação nos Estados Unidos, sendo que 5.000 novas torres são erguidas a cada ano.  O estudo mostrou que 545.250 aves foram mortas em colisões com torres no período de estudo, isto é,  mais de 1/4 das espécies dos EUA, sendo que 1/5 tem problemas com sua conservação. 21% do total de aves mortas são migratórias. O USFWS (United States Fish and Wildlife Service)  estima que entre quatro e cinco milhões de aves são mortas a cada ano em torres de comunicações, embora o número real possa ser ainda maior.
E no Brasil?
Torre de comunicação. Fonte da foto: Wikipédia.


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Palestra no Colégio Meta em Juiz de Fora

Palestra no Colégio Meta em Juiz de Fora

No dia 17 de setembro estivemos em Juiz de Fora, palestrando no Colégio Meta, na Semana Natureza do Meta, sobre as aves da Zona da Mata Mineira. Agradecemos ao Colégio Meta pelo convite.
M. Eiterer



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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A entrada da casinha do João-de-barro

  Chuvas e ventos condicionam a direção da abertura do ninho de joão-de-barro?

João-de-barro 
Desde criança ouço a história de que a abertura da casinha do joão-de-barro estaria em posição contrária a direção das chuvas e ventos. E, que o joão-de-barro assim protege seus ovos. Será? Essa é uma boa hipótese a ser testada. Não é mesmo? Então a pergunta a ser respondida seria: Chuvas e ventos condicionam a direção da abertura do ninho de joão-de-barro?A direção da entrada do ninho é condicionada pelo clima?
Recentemente li o resultado de uma pesquisa testando justamente esta hipótese. O que foi descoberto? Que a construção dos ninhos não são condicionados pelas chuvas ou pela direção dos ventos como se pensava.  A arquitetura do ninho, o material de construção, o microclima ou mesmo a combinação de todos esses fatores é que poderiam estar influenciando o comportamento do joão-de-barro na construção do seu ninho.
 Ninhos com aberturas opostas. Chuvas e ventos não tem influencia sobre a construção.




Fonte
SOUZA, Franco L.; SANTOS, Cinthia A. 2007. Climate and nest opening orientation in Furnarius rufus (Furnariidae). Iheringia Série Zoologica 97: 00-00

  A autora
Marinês Eiterer Marinês Eiterer tem uma profissão muito legal, é bióloga. Ela adora observar aves. E, incentiva todo mundo a observar também. Gosta de escrever sobre aves e plantas, principalmente para crianças.
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Extinção local. As espécies de aves que Viçosa já perdeu



A  floresta que outrora cobria Viçosa,  está toda fragmentada. Isso não é nada bom. Ideal seria se a floresta fosse continua. A fragmentação deixa tanto a flora quanto a fauna ilhados, isto é, totalmente isolados. São mortos vivos. E, os fragmentos são como arcas de Noé. A criação de corredores, entre um fragmento e outro, seria  uma solução para permitiria o tráfego dos animais.  A fragmentação é um dos fatores da extinção de algumas aves na região.  Viçosa tem 28 espécies de aves consideradas extintas. Para impedir que esse número aumente é preciso frear o desmatamento da região e criar unidades de conservação.  Aves consideradas extintas em Viçosa (MG) são: 



  1. Tinamus solitarius (macuco)
  2. Accipiter poliogaster (tauató-pintado)
  3. Odontophorus capueira (uru)
  4. Patagioenas plumbea (pomba-amargosa)
  5. Claravis geoffroyi  (pararu-espelho)
  6. Pyrrhura frontalis (tiriba-de-testa-vermelha)
  7. Hydropsalis forcipata = Macropsalis forcipata(bacurau-tesoura-gigante)
  8. Trogon rufus (surucuá-de-barriga-amarela)
  9. Trogon viridis (surucuá-grande-de-barriga-amarela)
  10. Chelidoptera tenebrosa (urubuzinho)
  11. Selenidera maculirostris (araçari-poca)
  12. Piculus aurulentus (pica-pau-dourado)
  13. Melanerpes flavifrons (benedito-de-testa-amarela)
  14. Biatas nigropectus (papo-branco)
  15. Grallaria varia (tovacuçu)
  16. Syndactyla rufosuperciliata (trepador-quiete)
  17. Philydor atricapillus (limpa-folha-coroado)
  18. Philydor lichtensteini (limpa-folha-ocráceo)
  19. Dendrocincla turdina (arapaçu-liso)
  20. Hemitriccus diops (olho-falso)
  21. Onychorhynchus swainsoni (maria-leque-do-sudeste)
  22. Myiobius atricaudus (assanhadinho-de-cauda-preta)
  23. Pachyramphus castaneus (caneleiro)
  24. Lipaugus lanioides (tropeiro-da-serra)
  25. Procnias nudicollis (araponga)
  26. Cyanoloxia brissonii (azulão)
  27. Chlorophonia cyanea (gaturamo-bandeira)
  28. Tangara cyanocephala (saira-militar)

Fonte: RIBON, Romulo; SIMON, José Eduardo; MATTOS, Geraldo Theodoro de. 2003. Bird extinctions in Atlantic forest fragments of the Viçosa region, Southeastern Brazil. Conservation Biology 17: 1827-1839.
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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Primavera ardente

Incendio em Viçosa. MEiterer

A primavera começou e a seca continua por aqui. Para complicar ainda mais, ontem tivemos um grande incêndio. Viçosa não tem corpo de bombeiros e nem brigadas contra incêndio. A população é que apaga os incêndios como pode. A cidade precisa urgentemente de bombeiros e de treinar a população para lidar com os incêdios que todos os anos se repetem. Jovens são apontados como os principais suspeitos de iniciar os incêndios. Uma brincadeira perigosa, com prejuízos e morte de muitos animais. Quando isso vai parar de acontecer?
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Fórum de Avaliação do Estado de Conservação das Aves Brasileiras

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sábado, 6 de agosto de 2011

Para crianças: A árvore e o pica-pau


Ai, ui!
— O que foi dona Árvore?
— Tem um bichinho comendo minha madeira.
— Eu posso ajudar dona Árvore.
— Quem é você?
— Eu sou um pica-pau.
— Muito bem senhor Pica-pau, como o senhor pretende me ajudar?
— Eu sou capaz de furar a sua madeira com meu bico. E com minha  língua comprimida e pegajosa  retiro o bichinho que está lá dentro.
— Ah! O senhor é um médico de árvores?
— Bem… podemos dizer que sim.
— Mas minha madeira é muito dura, se  bater seu bico nela, vai ficar com uma grande dor de cabeça.
— Não! Dona Árvore. Minha cabeça tem ossos e músculos especiais e bem resistentes. Eu posso bater à vontade que minha cabeça não dói.
— Hum...E como o senhor vai chegar perto do lugar onde o bichinho está se não tenho galhos perto para o senhor se agarrar?
— Dois dedos do meu pé são virados para frente e dois para trás, além disso tenho unhas grandes, curvas e afiadas, que me ajudam a agarrar no tronco. Também uso minha cauda para me apoiar. Eu sou um pica-pau-de-banda-branca, veja os meus dois dedos virados para frente e minhas grandes garras curvas e afiadas. Foto:M.Eiterer.
— E, depois que você tirar o bichinho, o que vai fazer com ele?
— Eu vou comê-lo. Nós os pica-paus comemos insetos e larvas que vivem na madeira das árvores.
— Ora, ora! Então o senhor vai fazer uma cirurgia, para ter o seu almoço!
— Isso mesmo dona Árvore.
— E quantos de vocês têm por aí?
— Bem, dona árvore aqui no Brasil tem uns...47 pica-paus diferentes. Existem pica-paus bem pequenos, chamados de pica-pauzinhos ou pica-pau-anão. Tem pica-pau branco e outros muito coloridos. Tem até um pica-pau-rei!
— Nós árvores somos muito importantes para os pica-paus?

— Sim! Para nós pica-pau árvores são muito, muito importantes. É das árvores que retiramos nosso alimento, dormimos nos galhos e construímos nossos ninhos.
— Vocês constroem seus ninhos nas árvores? Como?
— Nós cavamos um buraco no tronco, aproveitando as partes ocas, que já foram comidas pelos insetos. A fêmea ajuda a abrir o buraco, coloca e choca os ovos, que são brancos.
— Você é macho ou fêmea?
— Eu sou um macho. Os machos são mais coloridos, mas a diferença é bem sútil, tem que prestar bastante atenção para perceber. Os pica-paus macho podem ter um vermelho na cabeça ou debaixo do bico que as fêmeas não têm, por exemplo.
— Nossa pica-pau! Não sabia que éramos tão ligados!
— Sim, é verdade! Precisamos muito de vocês árvores. E, vocês, árvores, precisam muito dos nossos serviços. Por isso, ficamos muito preocupados com que os homens estão fazendo, derrubando tantas árvores. Sem árvores não existirá mais pica-paus. Por isso pedimos ajuda de todos que estão lendo esta história que não deixem derrubar as árvores e plantem novas árvores por todos os lugares. Assim, árvore e pica-paus continuaram a existir.

M.Eiterer


Fontes:
ANDRADE, Gabriel Augusto de. Nomes populares das aves do Brasil: Belo Horizonte: SOM/IBDF, 1982.
SICK, Helmut. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
Leia também a história do sabiá-laranjeira
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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O significado do nome seriema

Encontrei um problema relacionado ao significado do nome seriema. No de livro de Roberto de Oliveira Gonçalves,  'Aves-símbolos dos estados brasileiros' ( editora AGE, 2003) o significado aparece como 'quase ema'. Mas, eu tenho outro livro de Gabriel Augusto de Andrade, 'Nomes populares das Aves do Brasil' (SOM/IBDF, 1982), onde  o significado é 'crista erguida'. E agora? Qual deles está correto? O epíteto específico cristata está relacionado com crista, já o nome popular seriema pode estar relacionado com sua aparencia semelhante a das emas. 
M.Eiterer
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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Qual é a ave símbolo do meu Estado?

 Qual é a ave símbolo do meu estado?

Passei este final de semana pensando qual seria a ave símbolo do meu Estado, Minas Gerais. Não tinha a mínima ideia de qual seria. Numa pesquisa rápida, encontrei o livro de 2003 de Roberto de Oliveira Gonçalves,  'Aves-símbolos dos estados brasileiros', da editora AGE, onde a seriema (Cariama cristata) é indicada como a ave símbolo de Minas Gerais.
O livro esta dividido por Estados. Na abertura do capítulo o autor caracteriza fisicamente o Estado. Em seguida, faz um apanhado histórico dos naturalistas que passaram por alí, interessados, entre outras coisas, nas aves.  Depois, o autor mostra qual é a ave símbolo daquele estado e relata alguns casos interessantes sobre a ave. Por fim, Roberto de Oliveira Gonçalves  apresenta dados biológicos da ave. 

No caso da seriema, ave símbolo de Minas Gerais, o autor nos mostra curiosidades como o  porquê o agricultor não mata ou persegue a ave. Explica o significado da palavra seriema ou sariema, que eu não posso deixar de contar. Seriema ou sariema, de etimologia indígena, significa 'quase ema'. 
M.Eiterer 
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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Para crianças: Sabiá-laranjeira


Joana e Alex são dois irmãos. Alex mora e estuda em outra cidade. Ele faz o curso de biologia. Ele sempre quis ser biólogo. Alex adora estudar e observar aves. Joana é sua irmã caçula. Ela tem 12 anos. Os dois são muito amigos. Joana é muito esperta e curiosa. Alex está passando as férias com a família. Eles moram num pequeno sítio, em uma cidade pequena, uns 150 km de onde ele estuda. No sítio tem um pomar com muitas frutas. Está na época das laranjas e mexericas. Os pés estão carregados de frutas amarelinhas.  Joana e Alex estão no pomar colhendo mexericas e laranjas:
— Nossa! Que canto lindo! Quem será que está cantando? — diz Joana, olhando para  as árvores tentando localizar o dono da voz canora.
—Ah! É o sabiá-laranjeira. Olha ele ali! — exclama Alex, quase sussurrando e apontando discretamente o dedo, denunciando a localização do passarinho.
— Que bonito ele é! A barriga é cor de laranja. Ah! Então é por isso o nome laranjeira! – sussurra Joana, para não assustar o sabiá.
— Por isso mesmo! É uma característica tão marcante, que os  cientistas deram o nome de Turdus rufiventris. Rufi quer dizer  laranja e ventris é barriga , ou seja, rufiventris quer dizer   barriga laranja. Além da barriga laranja ele tem a garganta branca que se destaca quando ele canta. A pálpebra é amarela. Consegue ver? — pergunta Alex.
— Nossa, parece até que ele está de óculos! — diz Joana, encantada. — E, sabiá? O que significa? — pergunta curiosa.Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris). Foto: M. Eiterer.
— A palavra sabiá tem origem numa língua indígena, o tupi, significa ‘o que reza muito’, por causa do canto  elaborado e duradouro do sabiá — explica Alex.
— Nossa que cara de desconfiada ele tem!
—É, o sabiá-laranjeira é muito desconfiado e também muito brigão. Ele briga com as outras aves e até com outros sabiás por comida.
— Onde o sabiá-laranjeira gosta de viver?
— O sabiá-laranjeira gosta de viver em lugares com muitas árvores. Ele precisa das árvores para dormir, para construir seu ninho e buscar alimento.
— Mas, eu vi já o sabiá no chão.
— Mesmo gostando de árvores, ele tem boas pernas para caminhar e ciscar. E, é no chão que ele bebe água, toma banho e busca comida.
— O que o sabiá-laranjeira come?
— Ele come  insetos e minhocas, além de frutas. Olha ele lá, comendo mamão!
— Que outras frutas ele gosta de comer?
— Amoras, laranjas e mamões maduros são seus frutos preferidos. Ele também come pimenta-malagueta.
— Pimenta? Credo!
— Isso mesmo! Ele  come pimenta.  Outro fruto que ele gosta é o de imbaúba, uma árvore comum nas nossas florestas. Gosta também de coquinhos como do açaí e do dendê. Come o coquinho inteiro e só depois de uma hora cospe o caroço. 
— Puxa! Além de excelente cantor, ele espalha sementes!

— É verdade! Ele  espalha sementes por vários lugares.
— Nossa! Que pássaro especial é o sabiá-laranjeira. E, o que acontece com o sabiá-laranjeira quando ele quer ter filhotes?
— Na época da reprodução, quando o sabiá-laranjeira vai ter seus filhotes, o macho precisa ser escolhido por uma fêmea. Para ser escolhido o macho canta mais e mais bonito. Ele pode ficar cantando horas seguidas para ser escolhido. O sabiá macho constrói o ninho com raízes, pedaços de plantas e barro, em forma de tigela. Os ovos são pequenos e pintadinhos de marrom. Os jovens sabiás são diferentes dos adultos, eles são manchados.
— Existem outros sabiás, além do laranjeira?
— Existem no Brasil 17 espécies  de sabiás.
— Nossa!17 sabiás diferentes? Quantos sabiás!
— Temos o sabiá-poca, sabiá-barranco, sabiá-branco, sabiá-una, sabiá-coleira...Você precisa conhecer todos eles.
— O que eu posso fazer pelo sabiá-laranjeira, para que ele continue cantando e espalhando sementes?
—Temos que plantar árvores,  para que ele tenha onde dormir e fazer seu ninho e comer frutas. E, criar lugares onde ele possa beber água e tomar banho.Sabiá-laranjeira bebendo água. Foto: M. Eiterer.
— Só isso?
—Sim! Fazendo estas pequenas coisas o sabiá-laranjeira vai continuar cantando  e nos encantando. Agora vamos entrar. Já está ficando tarde e papai e mamãe devem estar preocupados — diz Alex, apanhando as mexericas e colocando na sacola, com cara de preocupado.
Alex pega a alça da sacola com uma das mãos, com a outra segura firme a mão da irmã. Os dois seguem em direção a casa.

M. Eiterer      


Nota da autora: O sabiá-laranjeira, dependendo da região do Brasil, recebe outros nomes. Talvez você o conheça por um desses nomes: Sabiá-laranja,  sabiá-de-barriga-vermelha, sabiá-de-barriga-roxa, sabiá-piranga, sabiá-coca, piranga, ponga, sabiá-cavalo, corochiré-puytá. Eu usei o nome sabiá-laranjeira porque é o nome que nós usamos aqui.
Fontes
ANDRADE, Gabriel Augusto de. Nomes populares das aves do Brasil: Belo Horizonte: SOM/IBDF, 1982.
SICK, Helmut. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
SIGRIST, Tomas. Avifauna brasileira. São Paulo: Avis Brasilis, 2009.


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