sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Aves e pessoas: o livro

Capa do livro Birds and People
'Um mundo sem aves iria devastar o coração humano.' 
Mark Cocker

Tenho que ser honesta com você leitor, eu ainda não li o livro, mas li muito sobre ele. E, gostei do que li. É um livro que quero ter na minha estante, assim que for possível. Escrevo sobre ele para que você também tenha a oportunidade de conhecê-lo. No entanto, ainda não poderei escrever se o autor menciona alguma espécie brasileira, mesmo possuindo um capítulo sobre psitacídeos.

O livro 'Birds and people' trata da relação entre nós e as aves, do significado das aves para os seres humanos. Aves têm capturado a imaginação humana mais do que qualquer outro grupo animal, nosso encantamento está presente na arte , literatura e religião. É disso que trata o livro. Além, é claro, da pressão que colocamos sobre elas quando as caçamos, capturamos para tê-las como animal de estimação, ou  para retirar alguma parte do seu corpo para usarmos como adorno. Escrito por Mark Cocker e fotografias de David Tipling.

Mark Cocker é um escritor naturalista inglês e ativista ambiental. Ele escreveu para jornais como o The Guardian, The Times, The Independent, entre outros. Mark escreve atualmente para a coluna 'Country Diary' do The Guardian desde1988. Já escreveu nove livros. David Tipling é um fotografo profissional de reputação internacional. Mark começou a escrever o livro em 2007 e seu lançamento aconteceu somente em 2013. David Tipling viajou por oito anos para 39 países em 7 continentes para registrar imagens para o livro. O livro é co-patrocionado pela Bird Life International e tem o logotipo da RSPB.


As 592 páginas do livro estão organizadas em 143 capítulos, ordenados por família, são 144 famílias de aves e 2 famílias extintas (no mundo são 200 famílias). Cinquenta e nove famílias sem impacto cultural são omitidos. E, surpreendentemente nenhuma família dos passeriformes ocupa mais de seis páginas. Os nomes seguem o recomendado por Frank Gill e Minturn Wright (Birds of the World: Recommended English Names, Princeton University Press, 2006). O autor contou ainda com a ajuda de 650 correspondentes de 80 países, para reunir um grande número de informações e relatos sobre a nossa relação com as aves.

Infelizmente, ainda sem edição em português. Mas, espero que alguma editora já esteja pensando nisso.

M. Eiterer
 

Fontes 
Cape, Jonathan. 2013. Birds and people, by Mark Cocker and David Tipling. British Birds. disponível em:<http://www.britishbirds.co.uk/book-reviews/birds-and-people-by-mark-cocker-and-david-tipling>. Acesso em: 28/02/2014. 

Lister-Kaye, John. 2013. Book review: Birds and people by Mark Cooker. Scotsman. Disponível em: < http://www.scotsman.com/lifestyle/books/book-review-birds-people-by-mark-cocker-1-3029371 >.
Acesso em: 28/02/2014.


McEwen, John. 2013. Birds and people by Mark Cocker - review. The Spectator. Disponível em: <http://www.spectator.co.uk/books/8977011/birds-and-people-by-mark-cocker-review/>.
Acesso em: 28/02/2014.


 Moss, Stephen. 2013. Birds and People by Mark Cocker and David Tipling, review. The telegraph. Disponível em<http://www.telegraph.co.uk/culture/books/non_fictionreviews/10233303/Birds-and-People-by-Mark-Cocker-and-David-Tipling-review.html>. Acesso em: 28/02/2014. 

Stoddart, Andy. 2013. Birds and people. Rare Birds Alert. Dispnível em : <http://www.rarebirdalert.co.uk/v2/Content/Book_Review_birds_and_people.aspx?s_id=382952987 >. Acesso em: 28/02/2014.
 

Schulman, Donna Lynn . 2014. Bird and people: a book review. 10.000 birds. Disponível em<10.000 birds. http://10000birds.com/birds-and-people-a-book-review.htm>. Acesso em: 28/02/2014. 

Zickefoose, Julie . 2013. Book Review: 'Birds & People' by Mark Cocker. The Wall Street Journal. Disponível em < http://online.wsj.com/news/articles/SB10001424052702304073204579171591325643478>. Acesso em: 28/02/2014.
 

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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Cultivar nativas ou exóticas? Como essa escolha afeta as aves?


Efeito dómino no jardim.Arte por David Pendleton.



 Quando visito um amigo sempre ganho uma muda de alguma planta, assim posso dizer que meu jardim é pessoal e guarda muitas histórias e lembranças. Mas, ultimamente ando muito preocupada com que planto no meu jardim. Por quê? Por causa da biodiversidade. As plantas que uso no meu jardim podem alterar a biodiversidade da minha região, criando um efeito dominó, levando a redução de populações tanto de animais quanto de plantas e contribuindo para a extinção desses organismos.

Exóticas versus nativas  
Porque estamos acostumados a ver determinadas plantas em jardins locais, não quer dizer que elas são nativas. Nós plantamos em nosso jardins muitas plantas exóticas, isto é, que não ocorrem naturalmente em nossa região, a maioria são oriundas da Ásia, Europa ou África. A hortênsia ( Hydrangea macrophylla), por exemplo, é uma planta nativa do Japão e China, onde ela ocorre naturalmente. Aqui no Brasil ela é uma planta exótica. Nós escolhemos essas plantas geralmente por causa de sua beleza e disponibilidade. Mas, nunca pensamos o quanto elas podem afetar outros organismos. Até agora.

Plantas que fogem do jardim 

Algumas plantas ornamentais exóticas podem ser também invasores e são um grande problema para os conservacionistas ( para saber mais sobre invasoras leia também 'Plantas que fogem do jardim' no blog Ciência no Jardim). Um exemplo de uma planta ornamental exótica e invasora que tem dado muito dor de cabeça é o beijo-do-brejo (Hedychium coronarium). Plantas invasoras tem recebido grande atenção por causa do seu impacto sobre as plantas nativas e animais, ao contrário das plantas ornamentais exóticas não invasoras. Entretanto, isso tem mudado nos últimos anos. Agora estamos também interessados em saber que efeito os jardins formados por plantas exóticas tem sobre nossa biodiversidade. E o que descobrimos foi uma sucessão de problemas.

Plantas e insetos, as primeiras peças começam a cair  

No nosso jardim devemos encontrar um grande número de insetos. Se você não está encontrando insetos no seu jardim, isso deve deixá-lo preocupado e não feliz. A maioria dos insetos herbívoros podem reproduzir com sucesso, somente sobre plantas que eles tem compartilhado uma história evolutiva. Com raras exceções, insetos herbívoros não podem adaptar-se rapidamente a novas plantas. Isso porquê os insetos herbívoros não conseguem desenvolver adaptações fisiológicas instantâneas para conseguir comer determinadas plantas sem passar mal ou morrer com isso. Borboletas, por exemplo, colocam seus ovos em plantas ou grupo de plantas que reconhecem quimicamente e as larvas que nascem desses ovos alimentam-se exclusivamente dessas plantas, escolhida pela mãe-borboleta. Algumas ainda conseguem uma defesa química contra predadores. Se, essa planta ou grupo de plantas desaparecem do local, as borboletas não tem onde colocar os seus ovos e mesmo que as larvas nasçam elas não terão o que comer. Assim, a população irá reduzir ou mesmo desaparecer. Um bom exemplo e a borboleta monarca, que identifica e coloca ovos em plantas do gênero Asclepias, cujas folhas serão comidas pelas larvas que nascerão dos ovos e dão a monarca uma defesa química contra predadores. 

Sendo assim, é esperado que em jardins formados por plantas exóticas não tenham a mesma quantidade e diversidade de insetos como os jardins formados por plantas nativas. Pois os insetos nativos buscam aquelas plantas também nativas com as quais compartilharam uma mesma história evolutiva.

 Aves, derrubando mais peças  
Num jardim podemos encontrar muitas espécies de aves, principalmente insetívoras, ou seja, aquelas que comem insetos e mesmo frugívoros que tem na dieta de seus jovens proteínas vinda de insetos. Sem insetos o que essas aves irão comer? A redução de insetos pode ter importantes implicações sobre a conservação das aves. Retirando as espécies nativas de plantas e introduzindo espécies exóticas reduzimos as populações e espécies de insetos e por conseguinte de aves.

Este foi apenas um pequeno exemplo de como é intrincado as relações dos organismos que vivem nos jardins e as consequências da nossa interferência nessa cadeia. Muitas outras peças podem entrar nesse jogo como os anfibios ou até mesmo o solo e os microorganismos que nele vivem. Pense, por exemplo nos beija-flores, algumas espécies de beija-flores têm uma relação intricada com certas plantas, sem elas eles não sobrevivem. Nossa interferência pode ser muito maior do que está descrito nessas poucas linhas.

Além de favorecer os insetos, aves e outros animais nativos, as plantas nativas também estão melhor adaptadas para crescer no seu local de origem. Assim você terá menos problemas com pragas e doenças, o que significa menos gastos na manutenção do seu jardim. Pense nisso. Escolha as plantas nativas.
M. Eiterer



Versão original deste texto foi publicado no blog Ciência no Jardim.
Fonte
Burghardt, Karin T.; Tallamy, Douglas W. and Shriver, W. douglas. 2008. Impact of native plants on bird and butterfly biodiversity in suburban landscapes. Conservation biology, 23:219-224.

The New York botanical Garden. 2012. Bringing Nature Home: What You Can Do. disponível em <http://www.nybg.org/plant-talk/2012/02/wildlife/bringing-nature-home-what-you-can-do/>. Acesso em: 9/02/2012.
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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O futuro da observação de aves

Observadores de Aves

Por Nicholas Lund

Há algum aspecto da vida humana ao qual ainda não tenha sido oferecida uma mãozinha intrometida da tecnologia? Há uma entorpecida esquerda ludista no planeta que não tenha sido forçada, de um jeito ou de outro, a recolher-se ao holofote frio da eficiência eletrônica? Pode ser que nós nunca saibamos com certeza (eles não respondem às minhas mensagens de correio eletrônico), mas o meu palpite é que naum.

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